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Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

25
Fev18

A difícil tarefa de lidar com a morte

Mom Sandra

Sabem aquela ansiedade boa que sentimos quando antecipamos um reencontro com alguém de quem temos muitas saudades?... Pois bem, eu senti-a durante toda a semana.

 

Foi no domingo que planeámos ir vê-lo. Nada foi combinado com ele, mas sim com a sua irmã. Ligámos para o seu telemóvel, para sabermos como estava. Tínhamos acabado de ouvir que já não estava entre nós e não queríamos acreditar. Ligámos e atendeu a irmã. A sua voz estava trémula e pausada. Ao ouvi-la, o meu coração encolheu e pensei o pior... Oh meu Deus!... Mas antes que pudéssemos perguntar por ele, ela acalmou-nos dizendo:

O Lelo não pode falar agora porque está a ser observado. Engasgou-se enquanto comia...

 

Ok, não nos acalmou totalmente, percebemos que as coisas estavam um pouco piores do que há uns dias... Pior ficámos quando nos pediu, novamente com a voz trémula:

 

Por favor, venham assim que conseguirem...

 

Iríamos no sábado seguinte (ontem, portanto) e levaríamos uma queijadas de Sintra, para atenuar as saudades.

 

...

 

Sabem aquela ansiedade boa que sentimos quando antecipamos um reencontro com alguém de quem temos muitas saudades?... Pois bem, eu senti-a durante toda a semana.

 

Ontem, poucas horas antes de irmos vê-lo, soubemos que já não era possível... O Lelo já não acordou.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte. A emoção é atenuada pela razão, "... é melhor assim, ao menos já não sofre..." penso enquanto sofro e as lágrimas me caem pelo rosto. 

 

...

 

de manhã, fui à casa mortuária.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte...  Antes de entrar, não queria entrar. Antes de entrar fui ter com a sobrinha. há anos que não a via. abraçámo-nos a chorar. um abraço apertado e sentido. um abraço durador e profundo. - E agora, a difícil tarefa de lidar com a morte do único tio. daquele tio especial.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte... Antes de entrar fui ter com uma irmã. poucas vezes nos vimos, mas eu sabia quem ela era e ela sabia que eu era. abraçámo-nos a chorar. um abraço apertado e sentido. um abraço durador e profundo. ela dizia-me que não podia ser e eu respondia-lhe que tudo ia ficar bem. e chorámos, abraçadas. - E agora, a difícil tarefa de lidar com a morte do único irmão. daquele irmão especial.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte... Não era possível adiar mais a entrada. mas eu não queria entrar. eu não queria ter a certeza. eu não queria ver. eu não queria saber... "tens de entrar!", disse-me a minha consciência. e eu entrei. e ali estava ele. chorei assim que o vi. ali estava ele, deitado no seu caixão, fechado até ao pescoço e de rosto tapado por uma suave toalhinha de linho branco. e os meus olhos deixaram de ver, com tantas lágrimas que continham.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte... À entrada, no cimo das escadas está uma mesa. em cima dessa mesa está o livro de condolências. não escrevi. nunca escrevo. nunca sei o que escrever e acho pateta apenas assinar. em cima dessa mesa estão os cartões que se costumam dar aos presentes. uma espécie de lembrança para eternizar o falecido. não tirei. costumo tirar. mas hoje não consigo.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte...Ao fundo das escadas vejo a sua mãe. está abraçada ao maridão. chora e diz que eram muito amigos. o maridão consola-a. desço as escadas devagar e dirijo-me a ela. e choro. e ela chora. aquele abraço que não queria que acontecesse estava a acontecer. o abraço mais difícil de se dar. um abraço sem palavras. um abraço entre uma mãe que sente a dor de outra. já mais calma, segura-me as mãos. olhamo-nos nos olhos e ela pergunta-me "como é que vai ser, agora? como é que vai ser, agora? o meu menino já cá não está!". não tenho respostas para lhe dar. acaricio-lhe a face e choramos. sentamo-nos de mãos dadas. agora em silêncio. - E agora, a difícil tarefa de lidar com a morte do único filho. daquele filho especial.

 

E agora, a difícil tarefa de lidar com a sua morte. O último adeus está marcado para as 14h30.

 

Até sempre, amigo Lelo!!!



17
Ago17

Este post NÂO é para todos

Mom Sandra

AVISO

 

ESTE É UM POST A FAVOR DOS DIREITOS HUMANOS. EU DEFENDO QUE TODOS, INDEPENDENTEMENTE DA SUA COR, RELIGIÃO, NACIONALIDADE, IDEOLOGIA, IDADE E SEXO, TEMOS OS MESMO DIREITOS. EU DEFENDO QUE TODOS SOMOS IGUAIS.

 

SE ESTÁS A LER ESTE POST E NÃO DEFENDES A IGUALDADE, LIBERDADE E FRATERNIDADE, NÃO VALE A PENA LERES O RESTO, PORQUE VAIS FICAR ROXO DE RAIVA. SE PREFERIRES LER, NÃO VALE A PENA COMENTARES O QUE PENSAS PORQUE NÃO VOU PUBLICAR, NEM RESPONDER.

 

«««««««««« »»»»»»»»»»

 

No domingo passou na televisão o filme O Mordomo. Nós vimo-lo. Nunca tinha visto, mas há muito que andava para ver.

 

Para quem não viu, o filme conta a história verídica de um mordomo negro que serviu 8 presidentes na Casa Branca, durante o período de 1952 e 1986. O filme começa com a morte do pai de Cecil (o mordomo) e termina com a sua morte.

 

Do meu ponto de vista, a sorte de Cecil foi a morte do pai, que lhe proporcionou a liberdade... Bem, não a liberdade exactamente como nós a conhecemos, mas uma liberdade condicionada pela sua cor. Cecil "aceitava" a sua condição, sabia que, só pelo simples facto de ser negro, era um ser inferior. Cecil teve filhos, o primeiro - Louis - recusava ser inferior só pela cor da sua pele e lutou contra o racismo e  o preconceito da sociedade. Louis lutou ao lado de Martin Luther King e de Malcom X, sofreu, por diversas vezes, de brutalidade (não apenas policial) e foi preso muitas outras. Cecil começou por proibir o filho de se envolver nas lutas raciais, cortou relações com o filho quando percebeu que as suas palavras não eram ouvidas e demorou muito a perceber que o filho, afinal, tinha razão.

 

O filme mostra-nos a luta contra o racismo. O filme mostra-nos como essa luta influenciou diferentes presidentes. O filme mostra-nos como esses presidentes mudaram a sociedade, concedendo aos negros o direito de serem iguais aos brancos.

 

 

 

Quando o filme acabou a sensação que tinha era que, muitas décadas depois destas lutas, o horror voltou. As imagens que o filme mostra eram, em tudo, idênticas às que nos chegam de Charlottesville. A violência racial voltou com tanta força como no século passado... E o pior de tudo é que, desta vez, há um presidente a dar força a quem defende estas ideias racistas.

 

 

Concluo com duas frases:

Parece-me inconcebível que, no país da liberdade, esta violência não seja condenável por quem tem a obrigação de o fazer.

 

Penso que a crescente violência racial se deve a dez anos de recalcamento... Deve ter sido duro, para muitos americanos, engolir o enorme sapo Obama.



14
Mai17

Quase a terminar o dia

Mom Sandra

É quase meia-noite. Andava a passear nas minhas leituras, quando me deparei com a primeira página do Público de hoje. O sentimento, imediato, foi de tristeza.

 

pppublico 14052017.jpeg

 

 

Percebi que tiveram "o cuidado" de substituir o último efe - em vez de Fado escreveram Festival - mas não deixa de ser uma alusão ao quarto efe.

 

 

Depois disto, só tenho uma pergunta:

com tudo o que a Europa (e não só) tem vivido nestes últimos meses, havia necessidade duma primeira página destas?!



24
Abr15

Este meu post não é um Desafio!

Mom Sandra

Este meu post é dedicado, especialmente ao Varufakis, à Miss Ana, à Cris, ao mais que tudo e ao mano da gomilix (foi graças a este post do Varufakis que descobri todos estes fãs desta fantástica série) e a todos os outros fãs da fantástica série que é a Anatomia de Grey (que eu ainda não descobri) e que constumam pôr os olhos aqui nesta minha querida casa!

Nem tenho palavras para descrever a minha tristeza...

 

Anatomia de Grey

 

Se ainda não perceberam quem morreu é porque perderam o último episódio desta fantástica série.

Uma vez que a Mom Sandra não é spoiler, não vai dizer quem foi... Descubram aqui!