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Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

19
Fev18

Elas

Mom Sandra

Elas estão grandes... bem, dizer que estão grandes é pouco, porque elas estão enormes!

 

A Inês está já com 14 anos e tornou-se uma linda mulherzinha. Alta e espadaúda (como se costuma dizer), inteligente e boa aluna (como se quer), facilmente consegue o que pretende... mas tem de ser sempre do contra e até já se acha senhora do seu nariz e dona da verdade. Quando se engana (e se apercebe) é capaz de dizer que o que disse é o mesmo, ou quase o mesmo, do que o que não disse . Começa todas as respostas com não, mesmo que queira dizer sim, e consegue ficar uns bons segundos na alternância: sim.... não... sim.... não... sim.... não... até se decidir. Gosta de pedir e não tem problemas em partilhar, embora não o faça de caras. É bastante compreensiva e adora ajudar, mas odeia que lhe digam que tem algo para fazer - solta tantos "já vou!" quantas as vezes que lhe dizemos para fazer, até um dos adultos se fartar... (por coincidência, ou não, é sempre nessa altura que chegamos ao inferno - trocas de gritos e lista de coisas que lhe pedimos para fazer e que não fez... e ainda, ameaças de castigos. a cedência faz-se neste momento - para, minutos depois estarmos quase a sair do inferno). 

 

A Inês está uma verdadeira adolescente. Gosta de passar o fim-de-semana de pijama, a ver filmes ou séries e a comer o que lhe apetece quando lhe apetece mas também gosta de ir para casa das amigas, ou ao cinema, ou às compras. É bastante vaidosa e adoooooora o seu cabelo (aqui que ninguém nos ouve, já descobri que ameaçar que lhe vou cortar o cabelo é a solução para muitas discussões ). Tira-me muitas vezes do sério, mas cada vez me orgulho mais dela.

 

 

A Maria está com 8 anos (quase 9!) e ainda é uma menina. Passa o tempo todo a brincar, mesmo que seja só na sua mente. É baixa e giribita e bonita e inteligente. Gosta de jogar à bola e aos matraquilhos e sempre que consegue convencer a irmã a brincar, vai buscar as bonecas e os livros de férias e brincam às escolas. Adora ler... mais do que isso, adora dar-nos a conhecer o que de bom está a ler (e isso é... maravilhoso! é mágico ver como se deixa envolver nas histórias que lê e a alegria com que partilha esses momentos), sem se limitar a ler. É sensivel e está sempre pronta a ajudar o próximo. É envergonhada, mas gosta de se meter com quem tem mais confiança. Está sempre bem disposta e adora pregar partidas. Adora anúncios de TV (o seu preferido, agora, é aquele da frigideira que não queima - se não sabeis qual é, procurai no google, com certeza descobrem* ) e dá a sua opinião. Não é menina de birras e aceita, mesmo que contrariada, o que lhe dizem. É a fã Nº1 da irmã!

 

Neste último ano, a Maria tornou-se responsável, embora seja muito distraída. Deu aquele pulo de criança para menina. Sozinha, já se lembra de lavar os dentes depois do almoço, na escola; lembra-se que tem T.P.C. para fazer e fá-lo, sem ser preciso dizer-lhe; toma banho e limpa-se sozinha e escolhe a sua roupa (ainda não consegui que o fizesse sempre na noite anterior, mas é só uma questão de tempo). Já consegue apertar os atacadores (vitória bastante festejada!) e estuda tal e qual a irmã (ensinei-lhe como estudar, ela dispõe os livros e cadernos como a irmã). Faz as suas tarefas domésticas o melhor que consegue, sempre sem reclamar. 

 

 

Elas estão encaminhadas, penso eu. Cada uma tem o seu eu e ambas têm o meu eu. O meu trabalho ainda não está feito, eu sei, mas acho que já consegui transmitir o básico para que se tornem boas pessoas.

 

 

 

Elas estão a crescer, como se quer!

 

 

*não fiz qualquer pesquisa, por isso não sei qual como descobrir qual é... posso adiantar que derrete copos de plástico, sem que estes fiquem colados, faz caramelo e este escorrega fantásticamente para um recipiente, sem deixar residuos queimados, e outras coisas assim do género...



03
Fev18

Ser mãe é... plantar sementes

Mom Sandra

Um dia destes, em conversa com a Inês, o assunto alvo de discussão eram as profissões e a importância de cada uma delas.

Perante a pergunta:

Qual destas profissões é, para ti, mais importante, médico ou empregada de limpeza?"

 

A sua resposta foi imediata:

Médico, como é lógico! Os médicos salvam vidas!

 

Estando já à espera desta resposta, lancei-lhe outra questão:

Então e se não houver quem limpe o bloco operatório?!

Será que os médicos conseguem salvar tantas vidas, se ninguém limpar os hospitais?

 

Ela pensou durante uns momentos e disse-me que eu tinha razão e que ela nunca tinha pensado nisso. Era a esta conclusão que eu estava à espera que ela chegasse. Como queria que ela pensasse mais um pouco acerca deste tema, argumentei desdizendo-me.

Expliquei-lhe que todas as profissões têm a sua importância, mas que existem, de facto, profissões mais importantes do que outras. uma vez que, para as praticar é necessário um conhecimento especifico. 

 

(percebi a confusão a nascer,naquele cérebro, através do franzir da testa)

 

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, acrescentei que: um médico é, de facto, mais importante, uma vez que limpezas, melhor ou pior, todos as conseguimos fazer, ao passo que poucas são as pessoas que têm conhecimentos médicos. Mas que essa importância não podia ser motivo de superioridade, pois ambas são necessárias para que vivamos bem. Dei-lhe exemplos reais, de pessoas que, devido à sua profissão, se acham superiores aos outros e de outras que se tornam "invisiveis" quando têm uma bata vestida.

Concluí a conversa dizendo-lhe que todas as profissões são importantes, pois se não houvesse quem conduzisse transportes públicos, ou despejasse os lixos, ou controlasse o tráfego aéreo, ou fosse pedreiro, ou marceneiro, ou vidraceiro, ou juíz, ou polícia, a vida era o caos. 

 

 

 

A Inês tem 14 anos. É uma boa aluna, com média de 4. Anda no 9º ano e é dos poucos adolescentes que sabe, desde o Jardim Infantil, o que quer ser quando crescer.

É uma menina simpática, educada, mas tem um bocado a mania (não gosto que seja assim e chamo-lhe à atenção quando a vejo ter atitudes destas, mas, na verdade, tem motivos para isso - é bonita e inteligente - ) o que a torna um pouco fútil (infelizmente, vejo esta geração muito superficial, preocupam-se demasiado com os umbigos e é só isso que interessa - umbigos).

Não sei como vai ser quando crescer, mas se não aprender a ser um pouco mais humilde e a olhar para os outros como iguais, vai sofrer. O meu papel, como mãe, é ensinar-lhe estas duas coisas, e por isso tive esta conversa com ela. Quis que ela percebesse que todas as profissões têm o seu lugar na nossa vida e que sem muitas (que não as percebemos porque não as vemos, mas que existem) delas a vida seria quase impossível.

 

Vou continuar a insistir até perceber que a semente está plantada.. Depois só depende dela fazê-la crescer.



21
Nov16

Um pedaço de mim...

Mom Sandra

Como todas as boas mães deste mundo, também eu tenho, muitas vezes, dúvidas sobre se estarei, de facto, a ser uma boa mãe.

 

Sempre que sou assolada com estas dúvidas, recuo uns anos e recordo momentos da minha vida, no meu papel de filha. Recordo momentos, pelos quais passei e que hoje me ajudam a ser melhor.

 

 

 

Recordo-me que era ainda uma garota, a idade rondaria os cinco e, naquela noite, acordei de um pesadelo, bastante assustada. O quarto estava escuro e tive de esperar uns segundos para me habituar e conseguir ver. Levantei-me, desci as escadas do beliche, dirigi-me à cama deles e parei.

 

Os meus pequenos pés pisavam o tapete de lã, azul escuro, que estava à beira da cama. Deitada, do lado mais próximo da porta, lá estava ela. Dormia virada para mim, com as mãos na almofada e a roupa da cama subia e descia enquanto respirava profundamente.

 

Baixei-me e senti os joelhos pousarem na suavidade do tapete, e cruzei os pés. A lã aqueceu-me as pernas e o conforto anunciava o momento.

 

"Mãe." - chamei baixinho.

Sabia que assim não iria conseguir acorda-la, mas não queria acordar o meu pai... Tentei uma segunda vez, um pouco mais alto

"Mãe." - nada! O frio percorria-me o corpo. Tinha da acorda-la, ou ficaria ali, o resto da noite.

Levantei o braço e pousei a mão sobre o seu ombro que, tapado pela roupa, estava quente. Abanei-a ligeiramente enquanto a chamava

"Mãe!" - sem sucesso. O tempo passava e eu estava cada vez com mais sono e frio. Eu só queria dormir... O desespero começava a instalar-se. Abanei-a com as duas mãos e comecei a chama-la mais alto.

"Mããeee! Mããeee!" - as lágrimas começaram a cair-me pelo rosto. Os dentes batiam do frio e as mãos estavam geladas. - "Mããeee! Por favor, acorda!" - dizia entre soluços.

 

Não sei quanto tempo estive ao seu lado, a abana-la e a pedir-lhe que acordasse, mas sei que, naquele tempo, foi muito.

 

"O que é que queres?" - perguntou-me, quando finalmente acordou.

"Deixa-me dormir aqui ao teu lado."

"Aqui não cabes... Vai para a tua cama dormir!"

 

O meu coração partiu-se, com aquelas palavras... E eu fiquei ali, a chorar, enquanto a olhava.

 

"Vem-te deitar deste lado. Cabes aqui." - era o meu pai. Não sei há quanto tempo estaria acordado, mas na altura nem pensei nisso. Apenas sei que se chegou para o meio da cama, tapou-me com os lençóis e deixou-me dormir.



22
Dez15

Férias de Natal #1

Mom Sandra

Primeiro dia de férias escolares das miúdas.

A manhã passou-se calmamente, sem a habitual pressa matinal. Elas tomaram o pequeno-almoço como gostam, em frente à tv.

 

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Mais tarde fomos a pé, à aldeia mais próxima, fazer compras de Natal... O dia fantástico convidou-nos a dar um passeio pelo campo. Ouvimos os pássaros. Olhámos as flores. O vento soprava frio, mas o sol aqueceu-nos. Uma boa conjugação de um dia primaveril. O caminho fez-se com boas conversas e canções. E risos... tantos!

 

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Decidimos voltar para casa a pé e fomos por um outro caminho. A serra estava a ficar totalmente encoberta e o dia estava a começar a ficar mais frio...

 

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A meio deparámo-nos com esta surpresa:

 

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Quem adivinha o que é?

 

duas pistas:

1) é um fruto.

2) está fora de época (normalmente crescem no Verão).

 

 

(Hoje foi mais um dia de fortalecermos laços e de percebermos que a Natureza está a mudar... desconfiamos que para pior)

 



17
Dez15

Aprender a ler

Mom Sandra

crescer é... #2

 

 

leituras II.jpg

(daqui) 

 

A Maria sempre adorou os livros e ansiava por saber ler.

Este ano, entrou para o 1ºAno e está a aprender as letras, as palavras e as sílabas. Anda pela casa a soltar palavras e a adivinhar as letras que as compõem...

 

É mais ou menos assim:

 

"Papoila! Pa... Pa... P! (ta-pe-te... pê... pa (quase inaudível)) A primeira é o P!"

(e escreve as letras numa folha)

"Papoila! Pa... Poi... Oi... O. I... Pa-poi... (ta-pe-te... pê... poi (quase inaudível)) P!... P-o-i!"

(acrescenta estas letras)

"Papoila! Pa... Poi... La... La... A... La... L-a!"

(acaba da escrever a palavra)

 

O rosto ilumina-se e percebe-se no seu ar o orgulho sentido por ter conseguido escrever mais uma palavra.

 

leituras I.jpg

(daqui) 

 

Não me canso de assistir à magia da descoberta das letras e das palavras. Primeiro foi a Inês e agora a Maria. Ambas viveram intensamente esta fase do Aprender a Ler.