Com o passar dos anos, torna-se inevitável escolhermos um (ou vários) dia(s) para fazermos um balanço da vida, e de nós. Uns escolhem o final, ou início, do ano. Outros a idade, normalmente um número redondo - terminado em zero ou cinco (a mim aconteceu-me aos quarenta e dois...). Outros o casamento ou nascimento de um filho. Outros mesmo, a morte de alguém chegado... Não importa a data, mas a verdade é que todos, mais cedo ou mais tarde, sentimos necessidade de pararmos e olharmos para quem somos, o que temos, quem temos e percebermos o que queremos.
A minha introspecção levou-me a perceber, primeiro que tudo, o quanto amadureci. Percebo-o, todos os dias (excepto quando conduzo... ainda me encontro, muitas vezes, na fase em que "devia ter uma estrada só para mim",), tanto em pequenas, como em grandes acções. Percebo-o, quando me consigo fazer explicar sem tentar levar a minha avante. Percebo-o, quando, com toda a paciência e atenção do mundo, escuto o que por vezes não me apetece ouvir. Percebo-o, quase sempre que algo me corre mal, tendo ou não a culpa.
Apercebi-me, também, que:
falo menos vezes com quem gostaria de o fazer, tanto aqui como lá fora.
perco menos tempo a tomar decisões que sei que eventualmente, iriam acabar por acontecer.
voltei a fazer coisas que tinha deixado de fazer.
conheci novas pessoas, que me deram a conhecer outras experiências de vida.
adoro palavras cruzadas!... principalmente as brancas!
Por fim, as certezas:
Este ano coube-nos sermos os #campeoesdeinverno!!!!!!!! (um pequeno aparte, se me permitem, os meus agradecimentos a todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram para esta vitória!)
Se estou mal, mudo-me. de vez em quando acontecem coisas boas.
Sinto-me mais confiante. A ansiedade ainda está cá, mas procuro (cada vez com melhores resultados) manter a calma, antes de me perder.
Todos os lugares onde estive a trabalhar (sete, totalmente diferentes, no espaço de um ano) trouxe comigo experiências - quer laborais, como sociais.
Aceitar é o primeiro passo para a mudança.
As dúvidas nascem na mesma proporção das certezas.
Passei a ter mais certeza, de algumas certezas que tinha.
Ainda não tinham passado dez dias do ano 2011 quando uma pequena, mas possante, frase mudou a minha vida.
- "Eu e tu não somos filhas do mesmo pai..." - disse, já a chorar, a minha Sis.
Era Domingo e eu tinha 34 anos.
Lembro-me que, naquele momento, estas palavras não fizeram qualquer sentido na minha mente. Lembro-me que, peguei no Cartão do Cidadão e li o nome do meu pai. Lembro-me das lágrimas a escorrerem na cara do meu pai e de eu lhe dizer, enquanto as limpava "Como é que alguém pode dizer uma coisa destas? Então não és o meu pai? Claro que és! Está aqui escrito, no Cartão do Cidadão, que o és!" Lembro-me que, naquele dia, só pensava na barbaridade que me estavam a dizer.
Os primeiros três dias (li algures que é o tempo que o cérebro precisa para assimilar novas informações) foram de dúvidas. Não existenciais (essas vieram mais tarde), mas da informação. Foram três dias a pensar que me estavam a enganar. Ao quarto dia, acordei e a informação já estava registada - o meu pai não era o meu pai biológico.
Os últimos seis anos foram de choque, revolta e dúvidas existenciais. Foram anos com muitos momentos negros e tristes. Foram anos onde, por duas vezes bati no fundo dos fundos.
Mas também foram anos que me ensinaram muita coisa e que me transformaram na pessoa que sou hoje.
Consegui arrumar a cabeça. Consegui expulsar demónios. Consegui perceber que tudo nos acontece com um propósito. Tomei decisões que devia ter tomado há muito tempo. E aprendi que, até pode demorar, mas depois da tempestade vem sempre a bonança.
Este ano, decidi que estava na altura de voltar a viver. Comecei o ano decidida a mudar e tomei as rédeas da vida.
Voltei a trabalhar.
Liguei a uma amiga muito especial, com quem já não falava há muitos e muitos meses.
Cortei, totalmente, com quem não presta.
Passeio a pé.
Riu muito mais.
Fiz novos amigos.
Transformei conhecidos em amigos.
Voltei ao blog.
Tudo isto, e muito mais, trouxeram-me mais alegria, mais calma e, com certeza, mais sabedoria.
Sei que, por ser distraída, deixo sempre tudo em todo o lado e nunca encontro o que quero e que dou pontapés em muitas coisas que se vão colocando à frente dos meus pés.
Também sei que, por ser distraída, é-me totalmente possível querer ir para um qualquer lugar e ir parar a outro completamente diferente.
E ainda sei que, por ser distraída, só não me esqueço da cabeça, por aí, porque está agarrada ao corpo.
Mas acho que a minha distracção tem limites, e que esses limites me impedem que coisas, completamente surreais, me aconteçam... Ou melhor, achava. Depois de me ter acontecido o que vou contar, temo que, afinal, a minha distracção seja ilimitada.
Ontem deixei um Desafio, hoje conto a história que o originou.
Há umas semanas, num dia de chuva, consegui dar cabo de um par de botas.
No dia seguinte fui comprar outras. Entrei na sapataria mais fashion da aldeia e comecei a ver as botas. Percebi que a oferta era mais do que muita - resumia-se a três pares - e comecei a ficar desesperada com o tempo que iria demorar a escolher... dezassete segundos depois estava a experimentar a bota do pé direito. menos de dois minutos bastaram para concretizar a compra e sair da loja.
Assim que cheguei ao carro calcei-as e continuei o meu dia.
Muitas horas depois - mais de duas - estava eu, encostada ao balcão da cozinha, quando olhei para os pés.
Havia alguma coisa que me estava a chamar a atenção, mas eu não conseguia perceber exactamente o quê....
Achando que era da dobra das botas, uma estava mais dobrada do que a outra, tentei dobrar a direita, para ficar do mesmo tamanho que a esquerda, mas a dobra ficava maior. Depois tentei desdobrar a esquerda, mas não dava, a dobra estava cosida.
"Mau, mau, mau Maria! Então o que é que se está a passar?"
Comecei a olhar mais atentamente para as botas e vi que a esquerda tinha uma linha de "lã", quase no peito do pé, enquanto a direita tinha apenas a costura...
"Oh Meu Deus!!!! As botas são diferentes!!!!"
Soltei uma mega gargalhada, que se deve ter ouvido no espaço.
"Como é que é possível eu ter comprado um par de botas, diferentes, sem que me tenha apercebido?"
Voltei à loja para tentar encontrar o par de uma das botas e resolver o meu problema. Dirigi-me para a secção das botas e, qual não é o meu espanto, quando descubro que já não estavam lá os pares!
Não bastava eu ter-me enganado, como estendi o meu engano a outra freguesa, que, tal como eu, tem, agora, um par de botas desiguais.
P.S. - No final disto tudo o sr.Sapateiro devolveu-me o dinheiro das botas e deixou-me ficar com elas.
As férias de Natal estão mesmo à porta e eu deixo-vos, aqui, uma pequena tarefa:
Definam, numa palavra, a autora deste blog
Como tenho algum receio que a imensidão de postsescritos neste blog (onde me descrevo - tanto física como psicologicamente) não bastem para que possam chegar a uma conclusão, achei que escrever mais umas linhas só vos iria ajudar, por isso pensei em contar-vos a minha "aventura" mais recente.
Como já sabem - se não o sabem, deviam saber!!!! - eu estou a participar, pela primeira vez, no Pai Natal Secreto. As coisas estão encaminhadíssimas, só falta mesmo enviar os presentes (terei de ir a Sintra, porque os correios mais próximos encerraram hoje Ora Bolas e Carambolas!!! Tenho cá uma sorte!!! )...
Mas se as coisas estão encaminhadas, qual é exactamente o teu problema, Mom Sandra?!
(perguntam vocês, muito admirados)
Pois... é aqui que reside o busílis!
Então não é que eu estou há semanas a pensar que o meu alvo é uma determinada pessoa - li e reli o seu blog, mais de uma vez, à procura de ideias - e hoje, quando estou a ler o mail para retirar os dados dessa pessoa, percebo que afinal... havia outra!!!!
O meu alvo não é quem eu pensava, mas sim outra pessoa...