Cenas que me acontecem! #3
A Cena que me Aconteceu de hoje é, tal como as outras duas Cenas, hilariante!
Mais uma vez desejei ter o tal buraco (que acho, muito sinceramente, que se devia abrir na parede mais próxima, ou no chão, e, assim que entrássemos nesse buraco o mesmo se fechava e nós eramos transportados para outro lado qualquer... bem, uns metros mais à frente, longe dos olhares das outras pessoas, parece-me uma boa opção, assim não nos afastavamos muito do local para onde queriamos ir...) para me enfiar.
Verão de 1998.
Eu descia, acompanhada da minha Mana mais velha - que na altura estava grávidíssima - a Avenida de Roma. Iamos as duas na converseta (logicamente nem me lembro acerca do que falávamos, mas deviamos estar a fazer um plano qualquer para quando o meu sobrinho nascesse ). Eu caminhava com o ego super cheio, tão cheio quanto é possivel para uma futura Primeira Tia (foi o meu primeiro sobrinho! Andei para aí uns sete meses toda inchada!) e a minha Mana caminhava com a barriga super cheia, tão cheia quanto é possivel a uma futura Primeira Mãe quase no final do tempo.
A certa altura um senhor, vestido de bombeiro, surgiu à nossa frente e o que se passou foi mais ou menos isto:
Bombeiro - Boa tarde, meninas!
Nós - Boa tarde. (o meu boa tarde foi dito com bastante desconfiança)
Bombeiro - Lamento, mas não podem passar por aqui.
Eu - Não podemos? Então porquê? (perguntei com rispidez)
Bombeiro - Porque aquela varanda está em riscos de cair.
Olhámos os três para a varanda. O senhor olhava enquanto apontava e eu e a minha mana olhávamos, com aquelas caras de parvas, de boca aberta, estão a ver qual é, certo?
PAUSA
Neste momento vejo a necessidade de explicar que, em nenhum local das imediações - nos metros mais próximos - estava qualquer sinal indicativo do perigo, nem aquelas fitas que costumam colocar para evitar que as pessoas trespassem um local, nem as barreiras de ferro, nem se avistava nenhum carro dos bombeiros, nada!
CONTRA-PAUSA
Mana - Ah! Nem tinhamos reparado! Pronto, muito obrigada pela informação.
Bombeiro - De nada! Estou aqui é para isso! (disse isto e riu-se)
Eu - Qual quê!!! Não é nada por causa da varanda!! (disse com um ar muito convincente e comecei a agarrar a minha Mana e a contornar o Bombeiro)
PAUSA
Tenho a dizer-vos que, como me recordei da cena toda - parece que estou outra vez a vivê-la - não consigo parar de rir desde que escrevi esta última parte...
CONTRA-PAUSA
Bombeiro - Mas não pode passar!
Eu - Não posso?! Mas quem é que diz que não posso?! O senhor?! (Sem largar a minha Mana, comecei a andar com muita confiança, sempre a olhar para o Bombeiro)
Mana - Mana, é melhor fazer-mos o que o senhor Bombeiro está a dizer... Vamos por ali.
Eu - Qual vamos por ali, qual quê! (neste momento o Bombeiro já não sabia bem o que fazer, estava à nossa frente, de braçoa abertos a tentar evitar que passássemos, ora olhava para mim, ora para a minha Mana)
Mana - Mas porquê? Não achas que a varanda está a cair?
Neste momento estavamos as duas paradas na rua, a conversar de frente uma para a outra e o bombeiro continuava de braços abertos a olhar para nós.
Eu - Claro que não! Não estás a ver que isto é para os Apanhados?... Se virmos bem deve estar para aí parada uma carrinha a filmar tudo! (agora sentia-me a Rainha da rua, tinha desmascarado aquela cena toda)
Bombeiro - Apanhados?! Não menina! Isto não é para os Apanhados! A varanda está em risco de cair! (o Bombeiro fazia um ar de parvo... acho que nem estava a acreditar no que lhe estava a acontecer)
Mana - Tás a ver? O senhor Bombeiro está a dizer que não é para os Apanhados. (a minha Mana falava com a voz mais calma do mundo)
Eu - E acreditas? Não estás a ver que ele está a fazer a cena para nós acreditarmos nele e passarmos pela beira do passeio? Eu é que não sou parva! (dito isto agarrei no braço da minha Mana e comecei a dirigir-me para debaixo da varanda, para passar)
Bombeiro - Mas não pode passar por aí! Pelo menos passe ao lado, não passe mesmo por baixo da varanda, pode cair-lhe algum bocado em cima... (acho que neste momento ele se deu conta que eu era teimosa e ia mesmo passar por onde ele não queria)
Enquanto passavamos pela porta do prédio espreitámos lá para dentro e vinham a sair dois bombeiros a comentar que tinham de ir por as fitas para criar um perímetro de segurança, para as pessoas não passarem por baixo da varanda... Ao ouvir isto baixei a cabeça e a minha Mana desatou-se a rir "Apanhados, não é?!"