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Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

22
Fev18

Sr. Presidente, só queremos uma solução!!!!

Mom Sandra

Donald Trump recebeu ontem, na Casa Branca, um grupo de estudantes, professores e encarregados de educação sobreviventes de vários massacres que têm ocorrido em várias escolas nos Estados Unidos, por causa de armas.

 

Neste encontro, os presentes pediram ao presidente que arranjasse uma solução, qualquer uma, para que não se verifiquem mais massacres destes (o 18º massacre em 2018, em escolas).

 

Segundo o Washington Post, o presidente ouviu com muita atenção todas as sugestões dadas pelos "convidados" - por exemplo: reforçar a segurança escolar, ensinar os estudantes a reagir a um tiroteio e aumentar a idade de aquisição de armas, etc.

 

Uma hora e dez minutos depois, Donald Trump disse:

 

Se o treinador tivesse uma arma no seu cacifo, quando se confrontou com autor do massacre - o treinador foi muito corajoso, salvou muitas vidas, penso eu - mas se ele tivesse uma arma, não precisava de ter fugido... Ele teria disparado, e seria o fim.”*

Vamos fazer alguma coisa acerca desta situação horrível, em que nos encontramos... E vamos arranjar uma solução em conjunto.

Eu escuto-vos.

 

Ora, perante estas palavras, o que é que pensamos?... Obviamente que é desta que finalmente se vai arranjar uma solução decente para a questão do porte de armas... Só que não!!!!

 

A solução encontrada pelo Trump foi:

 

fornecer armas de fogo aos professores como medida de prevenção de tiroteios em escolas

 

 

... Trump deu-nos uma grande lição de como acabar com os massacres derivados por armas de fogo - distribuir mais armas nas escolas!

 

 

* Trump referiu-se a Aaron Feis, assistente de treinador de futebol e segurança, uma das 17 vitimas do massacre da semana passada, em Marjory Stoneman Douglas High School na Florida.

 



20
Fev18

Parabéns Avó!!!

Mom Sandra

A minha avó faz 98 anos e eu queria estar com ela para lhe gritar em plenos pulmões PARABÉNS AVÓ!!!

 

Queria ter acordado me manhã e poder enchê-la de beijos e gritar-lhe em plenos pulmões PARABÉNS AVÓ!!!

 

Queria poder apertá-la nos meus braços, contra o meu peito, e esmagá-la com a minha força e gritar-lhe em plenos pulmões PARABÉNS AVÓ!!!

 

Queria sentir as lágrimas a encherem-me os olhos por estar ali, com ela, naquele preciso momento, a gritar-lhe em plenos pulmões PARABÉNS AVÓ!!!

 

Sem presente para lhe dar, eu podia ser a sua prenda. A sua prenda que gritasse em plenos pulmões PARABÉNS AVÓ!!! sempre que (eu) quisesse. A sua prenda que lhe acariciasse o rosto, e com todo o amor que possa existir depositado na ponta dos dedos, a tornasse na avó mais amada do mundo.

 

Não pude ter o queria, por isso telefonei-lhe, logo de manhã.

Não a acordei, nem a enchi de beijinhos, nem a apertei, nem a esmaguei, mas as lágrimas encheram-me os olhos e o meu presente foram quatro vozes a gritar em plenos pulmões

 

PARABÉNS AVÓ!!!

 

A avó sentiu-se a mais amada do mundo e eu a neta com mais saudades... que, infelizmente, não diminuiram...

 



19
Fev18

Elas

Mom Sandra

Elas estão grandes... bem, dizer que estão grandes é pouco, porque elas estão enormes!

 

A Inês está já com 14 anos e tornou-se uma linda mulherzinha. Alta e espadaúda (como se costuma dizer), inteligente e boa aluna (como se quer), facilmente consegue o que pretende... mas tem de ser sempre do contra e até já se acha senhora do seu nariz e dona da verdade. Quando se engana (e se apercebe) é capaz de dizer que o que disse é o mesmo, ou quase o mesmo, do que o que não disse . Começa todas as respostas com não, mesmo que queira dizer sim, e consegue ficar uns bons segundos na alternância: sim.... não... sim.... não... sim.... não... até se decidir. Gosta de pedir e não tem problemas em partilhar, embora não o faça de caras. É bastante compreensiva e adora ajudar, mas odeia que lhe digam que tem algo para fazer - solta tantos "já vou!" quantas as vezes que lhe dizemos para fazer, até um dos adultos se fartar... (por coincidência, ou não, é sempre nessa altura que chegamos ao inferno - trocas de gritos e lista de coisas que lhe pedimos para fazer e que não fez... e ainda, ameaças de castigos. a cedência faz-se neste momento - para, minutos depois estarmos quase a sair do inferno). 

 

A Inês está uma verdadeira adolescente. Gosta de passar o fim-de-semana de pijama, a ver filmes ou séries e a comer o que lhe apetece quando lhe apetece mas também gosta de ir para casa das amigas, ou ao cinema, ou às compras. É bastante vaidosa e adoooooora o seu cabelo (aqui que ninguém nos ouve, já descobri que ameaçar que lhe vou cortar o cabelo é a solução para muitas discussões ). Tira-me muitas vezes do sério, mas cada vez me orgulho mais dela.

 

 

A Maria está com 8 anos (quase 9!) e ainda é uma menina. Passa o tempo todo a brincar, mesmo que seja só na sua mente. É baixa e giribita e bonita e inteligente. Gosta de jogar à bola e aos matraquilhos e sempre que consegue convencer a irmã a brincar, vai buscar as bonecas e os livros de férias e brincam às escolas. Adora ler... mais do que isso, adora dar-nos a conhecer o que de bom está a ler (e isso é... maravilhoso! é mágico ver como se deixa envolver nas histórias que lê e a alegria com que partilha esses momentos), sem se limitar a ler. É sensivel e está sempre pronta a ajudar o próximo. É envergonhada, mas gosta de se meter com quem tem mais confiança. Está sempre bem disposta e adora pregar partidas. Adora anúncios de TV (o seu preferido, agora, é aquele da frigideira que não queima - se não sabeis qual é, procurai no google, com certeza descobrem* ) e dá a sua opinião. Não é menina de birras e aceita, mesmo que contrariada, o que lhe dizem. É a fã Nº1 da irmã!

 

Neste último ano, a Maria tornou-se responsável, embora seja muito distraída. Deu aquele pulo de criança para menina. Sozinha, já se lembra de lavar os dentes depois do almoço, na escola; lembra-se que tem T.P.C. para fazer e fá-lo, sem ser preciso dizer-lhe; toma banho e limpa-se sozinha e escolhe a sua roupa (ainda não consegui que o fizesse sempre na noite anterior, mas é só uma questão de tempo). Já consegue apertar os atacadores (vitória bastante festejada!) e estuda tal e qual a irmã (ensinei-lhe como estudar, ela dispõe os livros e cadernos como a irmã). Faz as suas tarefas domésticas o melhor que consegue, sempre sem reclamar. 

 

 

Elas estão encaminhadas, penso eu. Cada uma tem o seu eu e ambas têm o meu eu. O meu trabalho ainda não está feito, eu sei, mas acho que já consegui transmitir o básico para que se tornem boas pessoas.

 

 

 

Elas estão a crescer, como se quer!

 

 

*não fiz qualquer pesquisa, por isso não sei qual como descobrir qual é... posso adiantar que derrete copos de plástico, sem que estes fiquem colados, faz caramelo e este escorrega fantásticamente para um recipiente, sem deixar residuos queimados, e outras coisas assim do género...



08
Fev18

My dear friend Lelo

Mom Sandra

Sabem aquele amigo, cuja vida foi feita de aventuras e desventuras?, que conhece VIPs do mundo da moda e música e literatura e política?, que tem sempre histórias fantásticas, dos seus tempos antigos, para contar?... O meu chama-se Lelo.

 

Conheço o Lelo há quase vinte anos. Aparecia, todos os dias, no bar e bebia. Entrava a falar português e saía a falar inglês, porque viveu muitos anos em Inglaterra e o álcool turvava-lhe o pensamento - depois de bêbado, só conseguia pensar e exprimir-se em inglês.

 

Acabámos por passar muitas horas a conversar, porque eu era das poucas pessoas que conseguia ter um diálogo com ele. Ele contava-me a sua vida e eu respondia-lhe com perguntas. Ambos gostávamos daquelas conversas - eu, porque aprendia sempre algo, ele porque podia falar horas, em inglês.

 

Sobre o Lelo, posso dizer-vos que viveu uma vida plena, em todos os aspectos. Viveu a vida tal como quis, em cada momento. Não sei se tem arrependimentos, porque nunca me lembrei de lhe perguntar, mas se os tiver será por algo que tenha feito e não do que não fez, certamente.

 

Hoje o Lelo já não vive, só sobrevive.

Internado, a sua vida resume-se a estar deitado numa cama de hospital, de onde só sai, durante breves minutos, na cadeira de rodas, para fumar um cigarro, duas vezes por dia... o maldito cancro está a tomar conta dele.

 

Já não vejo o Lelo há duas semanas, mas todos os dias penso nele.

 

Obrigada por tudo, amigo Lelo!

 

 



03
Fev18

Ser mãe é... plantar sementes

Mom Sandra

Um dia destes, em conversa com a Inês, o assunto alvo de discussão eram as profissões e a importância de cada uma delas.

Perante a pergunta:

Qual destas profissões é, para ti, mais importante, médico ou empregada de limpeza?"

 

A sua resposta foi imediata:

Médico, como é lógico! Os médicos salvam vidas!

 

Estando já à espera desta resposta, lancei-lhe outra questão:

Então e se não houver quem limpe o bloco operatório?!

Será que os médicos conseguem salvar tantas vidas, se ninguém limpar os hospitais?

 

Ela pensou durante uns momentos e disse-me que eu tinha razão e que ela nunca tinha pensado nisso. Era a esta conclusão que eu estava à espera que ela chegasse. Como queria que ela pensasse mais um pouco acerca deste tema, argumentei desdizendo-me.

Expliquei-lhe que todas as profissões têm a sua importância, mas que existem, de facto, profissões mais importantes do que outras. uma vez que, para as praticar é necessário um conhecimento especifico. 

 

(percebi a confusão a nascer,naquele cérebro, através do franzir da testa)

 

Antes que ela pudesse dizer alguma coisa, acrescentei que: um médico é, de facto, mais importante, uma vez que limpezas, melhor ou pior, todos as conseguimos fazer, ao passo que poucas são as pessoas que têm conhecimentos médicos. Mas que essa importância não podia ser motivo de superioridade, pois ambas são necessárias para que vivamos bem. Dei-lhe exemplos reais, de pessoas que, devido à sua profissão, se acham superiores aos outros e de outras que se tornam "invisiveis" quando têm uma bata vestida.

Concluí a conversa dizendo-lhe que todas as profissões são importantes, pois se não houvesse quem conduzisse transportes públicos, ou despejasse os lixos, ou controlasse o tráfego aéreo, ou fosse pedreiro, ou marceneiro, ou vidraceiro, ou juíz, ou polícia, a vida era o caos. 

 

 

 

A Inês tem 14 anos. É uma boa aluna, com média de 4. Anda no 9º ano e é dos poucos adolescentes que sabe, desde o Jardim Infantil, o que quer ser quando crescer.

É uma menina simpática, educada, mas tem um bocado a mania (não gosto que seja assim e chamo-lhe à atenção quando a vejo ter atitudes destas, mas, na verdade, tem motivos para isso - é bonita e inteligente - ) o que a torna um pouco fútil (infelizmente, vejo esta geração muito superficial, preocupam-se demasiado com os umbigos e é só isso que interessa - umbigos).

Não sei como vai ser quando crescer, mas se não aprender a ser um pouco mais humilde e a olhar para os outros como iguais, vai sofrer. O meu papel, como mãe, é ensinar-lhe estas duas coisas, e por isso tive esta conversa com ela. Quis que ela percebesse que todas as profissões têm o seu lugar na nossa vida e que sem muitas (que não as percebemos porque não as vemos, mas que existem) delas a vida seria quase impossível.

 

Vou continuar a insistir até perceber que a semente está plantada.. Depois só depende dela fazê-la crescer.