Com o passar dos anos, torna-se inevitável escolhermos um (ou vários) dia(s) para fazermos um balanço da vida, e de nós. Uns escolhem o final, ou início, do ano. Outros a idade, normalmente um número redondo - terminado em zero ou cinco (a mim aconteceu-me aos quarenta e dois...). Outros o casamento ou nascimento de um filho. Outros mesmo, a morte de alguém chegado... Não importa a data, mas a verdade é que todos, mais cedo ou mais tarde, sentimos necessidade de pararmos e olharmos para quem somos, o que temos, quem temos e percebermos o que queremos.
A minha introspecção levou-me a perceber, primeiro que tudo, o quanto amadureci. Percebo-o, todos os dias (excepto quando conduzo... ainda me encontro, muitas vezes, na fase em que "devia ter uma estrada só para mim",), tanto em pequenas, como em grandes acções. Percebo-o, quando me consigo fazer explicar sem tentar levar a minha avante. Percebo-o, quando, com toda a paciência e atenção do mundo, escuto o que por vezes não me apetece ouvir. Percebo-o, quase sempre que algo me corre mal, tendo ou não a culpa.
Apercebi-me, também, que:
falo menos vezes com quem gostaria de o fazer, tanto aqui como lá fora.
perco menos tempo a tomar decisões que sei que eventualmente, iriam acabar por acontecer.
voltei a fazer coisas que tinha deixado de fazer.
conheci novas pessoas, que me deram a conhecer outras experiências de vida.
adoro palavras cruzadas!... principalmente as brancas!
Por fim, as certezas:
Este ano coube-nos sermos os #campeoesdeinverno!!!!!!!! (um pequeno aparte, se me permitem, os meus agradecimentos a todos os que, directa ou indirectamente, contribuíram para esta vitória!)
Se estou mal, mudo-me. de vez em quando acontecem coisas boas.
Sinto-me mais confiante. A ansiedade ainda está cá, mas procuro (cada vez com melhores resultados) manter a calma, antes de me perder.
Todos os lugares onde estive a trabalhar (sete, totalmente diferentes, no espaço de um ano) trouxe comigo experiências - quer laborais, como sociais.
Aceitar é o primeiro passo para a mudança.
As dúvidas nascem na mesma proporção das certezas.
Passei a ter mais certeza, de algumas certezas que tinha.
Escrevo este post para falar do que não vi, mas que, como mãe, penso que tenho habilidade para falar.
Não vi um único episódio do reallity show da SIC, assim como também não vi (nem li) nada sobre este programa.
Sendo eu mãe já há 14 anos, sinto-me com experiência suficiente para expor a minha opinião. Basicamente, e para não variar, tenho a cabeça cheia de perguntas sobre toda a envolvente deste programa.
Desde a concepção do pensamento (a ideia no seu estado puro), até à recepção da mesma, tanto por parte dos senhores que mandam nos diversos canais por onde este programa passa, até aos pais que se inscrevem; passando pela pessoa que aceitou ser a SuperNanny e pelas crianças, que coitadas, se vêem, de repente, expostas a tudo e todos.
Começo, não por uma pergunta, mas por vos dizer que acho, realmente, que esta ideia é... só estúpida!... desculpem, não é só estúpida, é mesmo... muito estúpida!
Posto isto, aqui ficam as minhas perguntas:
(sobre o idiota)
Que tipo de pessoa tem uma ideia destas?
Como pode alguém, achar que pode ganhar dinheiro com o maior problema dos pais - como educar um filho? - expondo-o a todo o mundo?
Terá, a mente brilhante, filhos?
Será que o pensador comentou a sua ideia com alguém?, e se sim, qual foi o feedback?
Não a sério, gostava muito de saber quem foi o génio que teve esta ideia!!!
(sobre os senhores da televisão)
Pensaram, mesmo a sério, no impacto que este programa teria nos seus intervenientes?
Quanto é que pagaram por isto?
Que tipo de retorno esperavam ter?
Como foi o processo de escolha da psicóloga?
E as famílias, como foram escolhidas?
(sobre os patrocinadores - que não sei quantos eram, nem quem eram)
A sério?! Este programa teve patrocinadores?
Quais foram?
(sobre a SuperNanny)
Qual foi a parte do estudo de psicologia que não percebeu?
Por acaso pensou na exposição daquelas crianças e no impacto psicológico que este programa tem?
(sobre os pais)
mais do que perguntas, tenho ideias - e bem melhores do que esta - sobre a parentalidade. Leiam! Ser pai não é uma tarefa fácil, porque não se ensina. Não existem escolas para sermos pais, apenas outros pais. E existem muitos pais que escrevem sobre parentalidade, seja em blogs, ou em revistas. Eles não nos ensinam a sermos pais, mas pelo menos ajudam, mostrando-nos outros pontos de vista, ou, algumas dicas sobre como conduzir situações.
O que é que vos passou pela cabeça?
(sobre as crianças)
Alguém pensou nelas?
Alguém lhes perguntou se estavam afim de serem filmadas a fazer birras e a comportarem-se mal?
Alguém se deu ao trabalho de lhes explicar as implicações desta exposição?
Como terá sido a segunda-feira seguinte à exibição do programa?
Tremo, só de pensar no alvo de chacota a que foram sujeitos, na escola...
(adorava ter respostas!)
Numa altura em que se fala tanto acerca da falta de empatia que se verifica nas nossas crianças, será que nenhum destes intervenientes se deu ao trabalho de se por no lugar destas famílias e pensar - E Se Fosse Comigo?
Talvez a falta de empatia das crianças se deva à falta de empatia dos seus pais....