Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

Just Mom

Uma autêntica salada russa (eu sei!), mas espero que se divirtam a ler.

21
Nov16

Um pedaço de mim...

Mom Sandra

Como todas as boas mães deste mundo, também eu tenho, muitas vezes, dúvidas sobre se estarei, de facto, a ser uma boa mãe.

 

Sempre que sou assolada com estas dúvidas, recuo uns anos e recordo momentos da minha vida, no meu papel de filha. Recordo momentos, pelos quais passei e que hoje me ajudam a ser melhor.

 

 

 

Recordo-me que era ainda uma garota, a idade rondaria os cinco e, naquela noite, acordei de um pesadelo, bastante assustada. O quarto estava escuro e tive de esperar uns segundos para me habituar e conseguir ver. Levantei-me, desci as escadas do beliche, dirigi-me à cama deles e parei.

 

Os meus pequenos pés pisavam o tapete de lã, azul escuro, que estava à beira da cama. Deitada, do lado mais próximo da porta, lá estava ela. Dormia virada para mim, com as mãos na almofada e a roupa da cama subia e descia enquanto respirava profundamente.

 

Baixei-me e senti os joelhos pousarem na suavidade do tapete, e cruzei os pés. A lã aqueceu-me as pernas e o conforto anunciava o momento.

 

"Mãe." - chamei baixinho.

Sabia que assim não iria conseguir acorda-la, mas não queria acordar o meu pai... Tentei uma segunda vez, um pouco mais alto

"Mãe." - nada! O frio percorria-me o corpo. Tinha da acorda-la, ou ficaria ali, o resto da noite.

Levantei o braço e pousei a mão sobre o seu ombro que, tapado pela roupa, estava quente. Abanei-a ligeiramente enquanto a chamava

"Mãe!" - sem sucesso. O tempo passava e eu estava cada vez com mais sono e frio. Eu só queria dormir... O desespero começava a instalar-se. Abanei-a com as duas mãos e comecei a chama-la mais alto.

"Mããeee! Mããeee!" - as lágrimas começaram a cair-me pelo rosto. Os dentes batiam do frio e as mãos estavam geladas. - "Mããeee! Por favor, acorda!" - dizia entre soluços.

 

Não sei quanto tempo estive ao seu lado, a abana-la e a pedir-lhe que acordasse, mas sei que, naquele tempo, foi muito.

 

"O que é que queres?" - perguntou-me, quando finalmente acordou.

"Deixa-me dormir aqui ao teu lado."

"Aqui não cabes... Vai para a tua cama dormir!"

 

O meu coração partiu-se, com aquelas palavras... E eu fiquei ali, a chorar, enquanto a olhava.

 

"Vem-te deitar deste lado. Cabes aqui." - era o meu pai. Não sei há quanto tempo estaria acordado, mas na altura nem pensei nisso. Apenas sei que se chegou para o meio da cama, tapou-me com os lençóis e deixou-me dormir.



17
Nov16

Eu já calculei, e vocês?

Mom Sandra

Hoje a Helena ensinou-me que existe uma calculadora que nos mostra há quanto tempo estamos sem qualquer coisa. 

 

Curiosa que sou, fiz-me à estrada direita à calculadora, para saber quanto tempo passou desde que deixei de fumar, e esta apresentou-me uns números redondos... Redondos e bonitos!

 

 

Depois pus-me a pensar nisto do Dia do Não Fumador...

 

Pela primeira vez em 1 anos, 10 meses, e 17 dias esta data fez todo o sentido. Pela primeira vez em 690 dias percebi a importância deste dia. Aprendi que o ar é mais fresco e que andar de bicicleta voltou a ser fantástico (agora até ando a treinar andar sem mãos). Aprendi que há alimentos muito bons e outros menos bons, mas que todos têm o seu sabor. Aprendi que o café, mesmo com espuma, pode ser uma porcaria. Aprendi que a minha pele também pode ser brilhante e que o bronze é mais duradouro. Aprendi que tudo tem o seu cheiro, e que há cheiros que preferia nunca ter conhecido. Aprendi que quando começo alguma coisa não preciso de parar até a acabar.

 

E aprendi, acima de tudo, que sou um exemplo para as minhas filhas.

 

 

 

P.S. - o ano passado evitei pensar neste assunto. Achei que era cedo demais. Não fazia sentido.



17
Nov16

Ontem

Mom Sandra

Ontem fiz-te a pergunta e tu respondeste-me com um beijo. Um longo e apaixonado beijo.

 

Ontem deixaste-me bilhetes de amor a dizer que não vinhas.

 

Ontem corrias para a minha janela, sempre que chegavas. E eu, saía da cama  só para te ver.

 

Ontem o telefone aproximava-nos. Passávamos horas na conversa, sem nenhum querer desligar.

 

Ontem nasceu o nosso amor.

 

 

Ontem foi há 25 anos.

 

 

Just Mom  by Mom Sandra

 



16
Nov16

Estes turistas são loucos!

Mom Sandra

Este Verão, tal como em tantos outros anteriores, fomos invadidos por turistas...

 

... Marcianos!

 

(Marcianos?! Como assim marcianos, Mom?!... Marcianos de Marte?!)

 

Bem, não sei se serão exactamente marcianos de Marte, mas devem ser, com toda a certeza, daqueles lados... Só isso explica tantos acontecimentos estranhos...não são assim tantos acontecimentos, para ser sincera, o acontecimento foi só um, mas foi recorrente. Muito recorrente... E o estranho reside aí!

 

 

Existe uma aldeia, aqui para estes lados, cuja entrada principal se faz por uma estrada de sentido único, portanto, apenas se pode descer.

 

Ora bem, sabendo que:

  1. a estrada está devidamente sinalizada - existe um sinal, no inicio, de sentido único (apenas se desce) e dois sinais, no final, de sentido proibido;
  2. a estrada é estreita o suficiente para qualquer pessoa (condutora ou peão) perceber que não passam dois carros lado-a-lado;
  3. Os sinais de transito são universais (se calhar não são universais, mas pelo menos são mundiais).

 

Como é que é possível que alguém se atreva a sair desta aldeia pelo mesmo lado por que entrou?! - e esta foi a dúvida que me assombrou todo o santo Verão.

 

Um dia, farta de carregar esta dúvida na minha cabeça, e ao explicar pela milésima vez que a estrada é de sentido único e só se pode descer, decidi que estava na hora de a esclarecer e foi mais ou menos assim:

O sr. não pode subir...Não viu os sinais?

Vi sim, mas o GPS está a mandar-me subir!

 

 

(ainda bem que o GPS não os manda para as arribas, senão era uma  chuva de carros pelo mar adentro, o Verão inteiro...)

 

A resposta deixou-me ainda mais confusa e levou-me a concluir que estes turistas loucos são de Marte!

 



Pág. 1/4